Especialistas afirmam que o diálogo é a melhor solução na luta contra o preconceito entre membros de diferentes religiões Cristianismo, hinduísmo, islamismo, budismo, judaísmo e espiritismo, apenas para citar algumas das principais religiões e seitas. A diversidade religiosa é, sem dúvida, uma das mais marcantes características da humanidade. Estimativas indicam que há mais de duas mil religiões e mais de dez mil seitas no mundo atualmente. Só no Brasil, são mais de cinco grupos principais.
Tamanha multiplicidade de crenças tornou mais complexa a relação entre os povos. Assim como a diversidade étnica, a diversidade religiosa acabou resultando em intolerância nas mãos do homem. Muitos conflitos armados e ideológicos, como as Cruzadas do século 13 ou os choques entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte tiveram alguma ligação com o preconceito religioso. Lidar com as diferenças sempre foi um desafio para a humanidade.
Hoje, no século 21, com o processo de globalização cada vez mais amplo, a diversidade fica ainda mais explícita tal como a intolerância e o preconceito. Diante disso, o tema elencado pelos os especialistas para a sexta edição da Conferência sobre Mídia, Religião e Cultura, realizada entre os dias 11 e 14 de agosto deste ano, na Universidade Metodista de São Paulo, foi "Diálogos na Diversidade".
Para o professor da Universidade de Duke (Carolina do Norte, Estados Unidos), David Morgan, a religião, muitas vezes, é utilizada como desculpa para incitar a intolerância contra os diferentes e por isso, a discussão sobre como se dá o diálogo no panorama mundial atual se faz necessária.
Ele explica que a mídia e os meios de comunicação de massa acabam funcionando como canais de canalização da intolerância. "Vivemos em um mundo diverso, no qual tanto a religião quanto a mídia são usadas por pessoas que odeiam umas às outras", afirmou Morgan. "Essas pessoas comprometem com diferentes formas de violência, usam a mídia como ferramenta e, a religião como justificativa".
A doutora em História pela Unicamp e participante da Conferência, Karina Belloti, também vê o debate sobre o tema "Diálogos na Diversidade" como uma questão fundamental no combate ao preconceito. "Somente pelo diálogo e pelo conhecimento que ele proporciona é que dissipamos as ignorâncias que alimentam tantas intolerâncias religiosas e culturais atualmente".
O mestrando em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, Marcelo Volpato, completa: "Diante desse panorama mundial, onde imperam a violência, a não compreensão das diversidades e a total falta de respeito, é fundamental dialogar em um espaço aberto à pluralidade de idéias, etnias e crenças”.
Volpato ainda declarou que a troca de experiências entre os diferentes por meio do diálogo pode contribuir muito para o desenvolvimento da sociedade: "Ouvir o outro é algo que nos enriquece e nos amadurece para viver com liberdade e respeito".
CONTRIBUIÇÃO DA MÍDIA
Tratar de assuntos sem emitir qualquer juízo de valor é uma questão problemática para a mídia e isso não é diferente quando o assunto é religião. Além de não oferecer espaço suficiente para o debate entre as diferentes crenças, os meios de comunicação de massa, muitas vezes, acabam reproduzindo o lugar comum, sem ir mais a fundo na apuração, e, desta forma, incutem a intolerância na sociedade.
O professor da pós-graduação em Ciências da Religião, Jung Mo Sung, crê que a participação da mídia na promoção do diálogo e na luta contra a intolerância religiosa é essencial. Jung afirma que a mídia deve ajudar seu público a perder preconceitos e estimular a busca de idéias mais próximas da realidade.
No entanto, segundo o professor, boa parte dos jornalistas que cobrem o tema religião não são bem preparados. Jung revela que é por esse motivo que, muitas vezes, esses profissionais de comunicação fazem leituras baseadas em idéias pré-concebidas. "Acho que acaba virando um processo de repetição, de se repetir no que já se acredita. A mídia tem que mostrar os dois lados. Só assim podemos superar preconceitos e estabelecer diálogos".
Espaço cidadania-Universidade Metodista de São Paulo
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